terça-feira, 21 de agosto de 2007

Nossa Casa

MORUMBI - Se tem uma coisa que irrita as outras torcidas do estado de São Paulo é o fato de nenhuma ter um estádio como o Cícero Pompeu de Toledo, o bom e velho Morumbi. Sempre que tem uma final de campeonato, lá vêm os diretores de outras agremiações bater à porta do Tricolor para alugar o colosso da capital paulista. Maior estádio particular do mundo? Há controvérsias. Porém, um fato e inegável: nenhum clube brasileiro tem um patrimônio como o do São Paulo F.C. — e olha que o Tricolor é o caçula dos quatro grandes do estado.

O INÍCIO DE UM SONHOO sonho começou na década de 50, curiosamente, no meio de uma crise financeira no clube. Em 52, Cícero Pompeu de Toledo procurou Laudo Natel, então diretor de um banco, para que assumisse a administração do SPFC e ajudasse a levar adiante o projeto de construir um estádio condizente com a grandiosidade do clube.
O primeiro terreno em vista era no Ibirapuera, mas o clube não conseguiu que a prefeitura fizesse a doação. Então, foi escolhido o Jardim Leonor, onde o SP comprou 68 mil metros quadrados. Outros 90 mil foram doados pela Construtora Aricanduva. No dia 15/8/52 foi lançada a campanha para a construção do Morumbi, com direito até a padre benzendo a pedra funfamental. As obras começaram em 1953 (veja foto acima), com um volume de concreto equivalente a 83 prédios de 10 andares: 280 mil sacos de cimento, 50 mil toneladas de ferro e outros números faraônicos.Obviamente, o clube gastou uma montanha de dinheiro para poder realizar seu sonho. Parte dele veio de empréstimos em bancos e parte veio da venda do estádio do Canindé para a Lusa, em 1956. Mas Laudo Natel e sua equipe administraram tão bem a fase das obras com permutas e publicidade que o SP não ficou devendo um centavo quando o estádio ficou pronto. Sem dúvida, uma administração exemplar que poderia ser seguida pela maioria dos clubes atuais do futebol brasileiro. Tá certo que a década acabou sendo perdida para o Tricolor, pois não sobrava dinheiro para montar um time realmente competitivo, mas valeu o esforço — ah, como valeu.Em 2/10/60, mesmo sem estar 100% pronto, o Morumbi foi inaugurado com o jogo São Paulo x Sporting de Lisboa. Peixinho inaugurou as redes e decretou o placar final histórico: 1x0 para o Tricolor.
Depois de mais de 15 anos e de cerca de 70 milhõs de dólares gastos, o Morumbi foi finalmente terminado, em 1970. O estádio trazia a cara moderna e inovadora do São Paulo: traves arredondadas (na época, todas eram quadradas), jogos noturnos (coisa rara até então) e uma presença física colossal na capital paulista.
O Morumbi é também um dos pouquíssimos estádios do Brasil com espaço reservado para deficientes físicos. A área tem 470 metros quadrados e espaço para 92 cadeiras de rodas e 108 lugares destinados a portadores de outros tipos de deficiência. Além disso, em 1999 o São Paulo triplicou o seu sistema de iluminação, tornando-a uma das mais modernas do mundo.Megalomania? Talvez. Mas estamos falando aqui do templo do futebol onde o manto tricolor entra em campo para se apresentar para sua apaixonada torcida.

O MEMORIAL DO MORUMBINum dado momento de sua história, o São Paulo se deu conta de que a lista de seus triunfos era tão extensa que até mesmo para se ter uma noção dela era difícil. Conquistas em todas as quadras, campos e ringues faziam dura a vida de quem precisava ou queria saber quão bela é a alegria são-paulina. E assim, em 1993, o presidente José Eduardo Mesquita Pimenta pôde, depois de dez meses de planejamento, inaugurar o Memorial do São Paulo, um espaço onde, finalmente, o são-paulino teria uma noção do tamanho de sua grandeza, com vitórias em todos os tipos de competição.
Em 1998, o São Paulo expandiria o conceito do Memorial para que atingisse não somente o torcedor tricolor, mas todos os fãs do esporte. Exposições como "85 Anos de Leônidas da Silva", "Um Traço Tricolor" e "Adhemar Ferreira da Silva, o Atleta de Ouro" apaixonaram são-paulinos e não-são-paulinos.

O primeiro piso do Memorial expõe os troféus que o São Paulo ganhou em sua história. Além disso, também exibe objetos pessoais de três lendas Tricolores: o boxeador Éder Jofre, o atacante Leônidas da Silva e o bicampeão olímpico Adhemar Ferreira da Silva. As paredes são decoradas com retratos de sãopaulinos que foram campeões pela Seleção Brasileira, além de um painel com os maiores ídolos que desfilaram pelos gramados vestindo a camisa Tricolor.

O segundo piso é dedicado às conquistas em todas as quadras. Futsal, aeróbica, judô e outros esportes fazem a alegria do são-paulino em busca da história. Para finalizar, o visitante ainda assiste uma exibição em vídeo com as grandes conquistas do São Paulo ao longo da história.

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